domingo, 2 de setembro de 2012

Uma pequena história:


Em Carolina, de lábios tão finos que sua boca mais parecia um fio mal traçado na face, corria sempre um veneno, água amarelada por entre seus lábios, invisível aos olhos dos despercebidos. Seus olhos eram puxados e finos. Parecia uma oriental ou indígena não fosse por seus cabelos castanhos e ondulados ou parecia uma cobra de língua rápida e esperta. Mas eis que Carolina um dia se apaixonou por tão doce pessoa. E o mel, que escorria da boca de Gilberto, encontrou a água amarelada de Carolina. E tão grande foi a paixão e o beijo e o desejo de estarem juntos que  misturou-se água envenenada e mel de coração puro. Como mágica de amor vinda de varinha de condão, os lábios de Carolina ganharam vida. E a água antes amarelada era agora mel de paixão puro, entranhando por entre veias e carne. Chegando aos poucos no coração para se tornar mel puro de paixão.

sábado, 14 de julho de 2012

Fazenda. :)

Abis cochichou, botou fogo daí aqui estou. É bom escrever: gosto, me faz bem, acho bonito e nem tô muito aí se não agradar. O negócio é dizer, pulular as letras e se divertir (parte bem mais que importante). Hoje foi dia de fazenda e a parte mais poética, interessante e imaginativa foi meu passeio pelo quintal. Há tempos eu não inventava, imaginava e sonhava como nessa pequena voltinha. Sou meio viciado em internet. Não fico muito tempo sem acessar o face e outros meios. Imaginei como se eu estive com um notebook ali e fosse postando coisas do quintal. Coisa meio idílica virtual nostálgica, porque relembro minha infância, quando eu passava semanas na fazenda. Seria assim:

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Laranjas ao alto e me pareço aqui aquela Raposa salivante pelas uvas. Não bato na Laranjeira com varas longas e assassinas. Não pegarei escadas porque a preguiça reina e intenção é o mero passeio. Passo pra frente e deixo as laranjas, tão amarelinhas que quase volto e dou pulinhos pra ver se alcanço alguma. he

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Ali havia pes de Abacaxi. Me lembro de um dia de Domingo que cheguei cansado de bicicleta e me refresquei com um abacaxi meio anão, meio doce naquela meia manhã. E como foi bom a aventura, o vento e a solidão.


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As bananeiras me inspiram mistério. Só chegando perto pra ter a sensação. São tantas que fazem um labirinto. Suas folhas secas criam cortinas marrons, despedaçadas dão aquele ar de que ali alguém violento ou algo cortante passou. Algumas caídas ou derrubadas por facões causam, novamente, a sensação de que alguém esteve ali e a matou. Caída. Morta. Lembro-me, desde sempre, das Bananeiras em seu ciclo contínuo de morte e broto.

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Do outro lado da cerca havia Jaboticabeiras. Hoje engolidas pelas Aroerinhas com galhos secos espichados que parecem pedir. Estendidos e sufocados me dizem algo. Mas dou mais alguns passos. Sempre preferi as outras. Atravessar a cerca, pisar no barro úmido em volta do seu pé nem sempre me agradou.

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Arquitetada, dedilhada, um trabalho demorado, branco, alvo e fatal: a teia. Dei um passo e o barulho espantou uma Aranha grande. Entrou em seu tunel e foi para não sei onde. Eu quis mexer, fazê-la sair. E que se apresentasse a Dona Aranha, mas resolvi de tudo e fui olhar a festinha das abellhas nas flores da Mangueira: bem mais interessante. Era tantas e faziam um coro as donas pretinhas: Abelhas...ih esqueci o nome das Abelhas. Mas, eram muitas, cantavam juntas e bailavam na Mangueira.

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sábado, 16 de junho de 2012

Bom dia, Mundo Cruel e cabeça cruel! Acordei assustado de madrugada. Sonhei que minha mãe me dava uma bronca daquelas e a única coisa que eu conseguia fazer era: ficar mudo, ou seja, não fazer nada. Engraçado como essas coisas nos angustiam, principalmente a ponto de nos fazer acordar com dor de cabeça e, simplesmente, não dormir mais. Sou desses e dorflex ajuda nessas horas. O sono vai e, principalmente de madrugada, não volta mais. Fiquei pensando no sonho, em Freud, mas seria muita explicação e filosofia e psicanálise para a pessoa aqui, que logo mais tarde vai estar dando uma aulitcha sobre medidas. E vc, é altinho ou baixinho ou fofinho? he Mas o que atormenta é o erro. Errar e ser reprimido. Não ter justificativa. Não sou desses que discute se eu estiver errado. Peço desculpas, prometo nunca mais pecar e amém. rs. E mãe tem aquela mágica sabedoria de saber do seu silêncio e de como você é relapso com os horários, suas refeições e estudos. É possível ouvir a broncar e dizer, novamente, "ok ok", naquele tom mórbido de quem está ouvindo, mas pouco vai absorver. Mãe é tudo igual, né? Muda de endereço, mas a preocupação e aquela bronquinha básica sempre existe. Agradeço pela mamis que tenho, pelas broncas suaves ao telefone e por ela me visitar e fazer aquelas comidas deliciosas. he Mãe, pra quem minha cor nunca mudou de um tom amarelo anêmico de uma pessoa muito mal alimentada, prometo nunca mais pecar. Amém. rs.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Antes de completar um ano desde a última postagem: aqui estou. \o/ Não morri, não adoeci. Houve só abandono mesmo. O último ano foi intenso, devido a dissertação de mestrado, a defesa e outras tantas coisas. Aqui estou, vivo e mestre. Chique dizer isso, né? Mas, nem só de títulos vive o homem, mas de todos os depósitos e débitos de sua conta corrente. Grandes mudanças ocorreram, boas experiências passei, mas a barriguinha continua a mesma e tenho certeza que certos livros ainda estão intactos e não abertos em meu livreiro, quejá se verga com o peso das antigas apostilas da graduação.
Ainda no post office, agora professor de inglês aos sábados, pelo menos por enquanto, pois não sei o que o futuro me reserva e, muito menos, a grade de horários da escola.  Hoje estou aqui para matar a saudade da escrita. Compartilhar com Abis, meu querido, minha voz, meu sorriso que ecoa por essa imensidão virtual e, às vezes, tão silenciosa e cruel. Cruel, porque superficial e crítica. A sexta, de tão diferente, deveria iniciar com uma consulta médica, mas devido a morte da mãe do médico tudo foi desmarcado. Aproveito pra deixar meus sentimentos. Imagino o quanto deve ser inconsolável a perda de um ente tão querido. Vi os primeiros raios solares, os primeiros funcionários abrindo lojas e, nem por isso, cheguei primeiro no trabalho. heh Chega por hoje. Abraços!!

sábado, 25 de junho de 2011

É o avesso que causa a dúvida

Estar confortável é muito bom. Melhor ainda quando tudo sai conforme o planejado, na hora certa, com as pessoas chegando e conversando em sintonia. Mas sabemos que não é assim. Fazemos um plano e, raras as vezes, ele sai conforme o nosso desejo. Há sempre um grito, um insatisfeito, um atrasado e aquela gripe que chega na hora errada. Melhor mesmo é aprender a lidar com as adversidades e com o inesperado. Eu, por exemplo, já não me assusto com certas incongruências. Acho que está automatizado em meu interior. Abis, logo e sem titubear, me diz em alto e bom som: "- Já era esperado. Relaxa e toca adiante". Ter isso em mente facilita bem as coisas. Não quer dizer ignorar. Já fui muito de ingonar as coisas. Ficar indifierente. Mas fiquei com medo de virar árvore. Passei, então, a ser adepto de um confronto elegante e sutil. Conversar sobre assuntos delicados só nos faz enriquecer: em experiência, em coragem, em aprendizado. Fique, por exemplo, frente aos seus medos, ao seu inimigo e questione, mesmo que você esteja com frio na barriga, trêmulo nas mãos, os "porquês". Tente entendê-lo e resolver. Mil vezes melhor é resolver um problema do que dormir abraçado a ele a noite inteira. E isso significaria ficar sem dormir: seria uma costela de um outro ser, diabólico, a lhe cutuar madrugada a dentro. Então a dica seria: Confronte o problema e resolva. Abis, (o Abismo com quem converso e, as vezes, traz de volta somente o Eco que eu gostaria de ouvir) me diria que é melhor ignorar e não ficar sofrendo por tudo. Eu não sofro por tudo. Não penso em tudo e nem quero ser o salvador da Pátria. Quero ser o salvador dos meus sentimentos, da minha pressão e dos meus cabelos que começam a cair cada vez que me stresso por algo e fico arrastando tudo por muito tempo.
Quer viver melhor: reconheça os erros: seus e dos outros. Resolva os problemas ao em vez de deixá-los embolorar no seu interior. É assim que funciona... agir e não virar árvore. (Particularmente eu adoro as árvores, mas não gostaria de ser uma!)

Revezamento de Versos no MSN

Um Preâmbulo: O que dois amigos virtuais, mais que reais, fariam em dia de chuva fria, noite escura e inspiração? Um revezamento de versos. Usando a criativa solidão e virtual admiração mútua. Eis o que surgiu:

Poderíamos nos deliciar com os sabores de nossas bocas e línguas,

Até os galos soarem o som da aurora...

O que nos faz assim? Os pingos da chuva? A morbidez da escuridão?

São, também, os resquícios da brisa que refrescam minha mente,

E traz, num segundo, a sua imagem reluzente.

Sua imagem assim, tão esfacelada, de um Moreno-brisa cor de calor;

E você assim, aparece difuso em minha memória.

A sorte é a foto nítida e intocável de tua face.

É a memória ofuscada pelo ressoar do tempo

Que me faz ver-te aos relances, como pássaro que voa alto..

Tão alto que nem o céu pode sentir suas leves asas cor de neve;

Livre, o pássaro se rende ao abismo, ao fim pra sentir o frescor dos ventos.

E o vento toca sua face, leva seu perfume, sua ternura

Aos corações dos apaixonados...

E volto a mim, feito a ave que voa alto e mergulha para pousar;

Para lhe ver: encanto, razão, magia? O que seria?

Seria o prazer envolvente da sua paixão,

Tornando os prazeres magias inesquecíveis ao arranhar dos sonhos.

E o sonho confunde, distorce; perfuma o encanto, seduz o olhar e hipnotiza.

Como escapar do labiríntico afeto seu?

Correndo dentre o labirinto e desvendando os mistérios do meu coração

Estou preso ao teu amor, guardado por essas magias e encantos

Dentro deste labirinto de escuridões...

Rendo-me ao labirinto:

Pouso em tua mente e em tua emoção, pra sempre interrogação:

Não quero respostas; Quero estar encantando, no labirinto, preso ao seu coração.

E, por fim, conseguiu o que queres meu amor,

Este labirinto esteve sempre dividido entre a dúvida e a certeza;

Eis que você mostrou-me que o passaporte do labirinto é de mérito seu

Ilumine-o, traga de volta a alegria e a vida que falta no meu coração...

domingo, 3 de abril de 2011

Moska

Não é um zumbido, uma inconsistência, um incômodo, mas faz pensar. Pousa em nossos ouvidos e dá prazer, faz pensar e dá vontade de repetir e repetir. Moska foi um achado no meio de muitos cds numa manhã de sábado, sem muitas expectativas para o dia. As fotos feitas pelo próprio cantor em sua simplicidade nos dão verdade e arte sincera ao longo do folhear a procura pelas letras: amor, encontro, sonetos. As fotos brincam com a clareza do dia, em sua perfeição natural. Brinca com a espuma do mar que vem e foge, fica nos pés, com o sol e a sombra. Em esparsos momentos seu rosto aparece íntegro, de perto... fico próximo a ele. Encontrei Moska há tempos no meu caminhar, por esse 'gosto peculiar' que tenho, em procurar o não usual, em procurar uma canção brasileira poética, criativa e de amor, de sonho e do verbo que se faz arte em suas combinações melódicas. Ele fazia participação com a Cássia Eller, cantando "Meu amor partiu/ cansou dos meus vícios/ E mesmo que amanhã ele volte com outros feitiços/ Hj meu amor partiu". Nem a esperança, ou a consciênia de um futuro certo retira a dor do Hj: da solidão, o abandono. Cássia canta com a sua voz estridente e única (que dá tanta saudade) e Moska não fica pra trás... dá um arrepio de escutar. O auge, para esse ouvinte que foge do tchubirabirou mas que cai nele em dias de Carnaval, é o "Soneto do corpo" composto por Moska e Leoni: "Juro beijar teu corpo sem descanso/ Como quem sai sem rumo pra viagem/ Vou te cruzar sem mapa nem bagagem/ Quero inventar a estrada enquanto avanço". É o mais poético, apesar de todas as letras brincarem com as palavras, quando, por exemplo, inicia sua primeira música com um "Devagar, divagar ou de vagar". Fica a Dika do cd "Muito" de Paulinho Moska. E mais um pouquinho de Moska em "Soneto do teu corpo" Beijo teus pés, me perco entre teus dedos Luzes ao norte, pernas são estradas Onde meus lábios correm a madrugada Pra de manhã chegar aos teus segredos Como em teus bosques, bebo nos teus rios Entre teus montes, vales escondidos Faço fogueira, choro, canto e danço Línguas de lua varrem a tua nuca Línguas de sol percorrem tuas ruas Juro beijar teu corpo sem descanso.