domingo, 14 de dezembro de 2008

Mística

Tilintar de brincos, pérolas e ouro. Ela chegou.
Colares enlaçam seu pescoço moreno.
Os cabelos soltos recaem sobre o ombro, leves.

Seduz com o olhar faceiro e senta-se do meu lado.
Dedilha palavras, orações e reflexões. Concentra-se.
Seu dedo desliza sobre minha mão,
Sobe, forma círculos e desce suave.
Olha em meus olhos e pronuncia minha vida.

Serás só, pois tens medo.
Sua felicidade está no avesso do desejado.

Quando no caminho estiver,
Faça curvas. Não tenhas medo da noite.
Crie atalhos, mas nunca... nunca vá com os outros.

Os liames deixam-te roxo nos punhos,
Na canela e na mente.
Mas quem te prende é você mesmo.
São suas próprias amarras.
Solte-as para viver, amar e sonhar.

Faça isso e verás mudanças:
Por vinte dias subirá em lugares altos para sentir liberdade.
Por dez dias beberá vinho e lerá poesias.
Por cinco dias deverá assistir ao crepúsculo do entardecer.

Olhou-me profundamente.
Pegou o dinheiro em cima da mesa.
Levantou e dispersou-se no meio do turbilhão citadino.
Estático a vi desaparecer.

2 comentários:

  1. Esse é o exemplar do que eu chamaria de Poema em prosa. Conta-se um fato, em primeira instância. Depois, o lirismo de um ser à beira de uma situação subjetiva que o leva aos caminhos da poesia. Belo sinal dos tempos... Bela imagem do ser e do nada do papel... Valeu, filhão!!!

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  2. Narrativa instigante.

    Abraços.
    Dheyne.

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