terça-feira, 28 de abril de 2009

Dor






É o que sinto. Aguda, crua e nua em minha alma. Seca meu interior. Deixa fria minha visão e abaixa meu olhar para o chão. Quando muda comigo não entendo, só sinto dor. Esparramam em meus membros, pernas, braços e contamina minha mente. Dor. Pinta meu céu de cinza e tons mais opacos. Deixa minha voz rouca, frouxa, fraca, fria, frígida. Dor. Aglomera, embolora, apodrece minha paixão. Coagula a tristeza, causa bolos de sangue triste, negro, melancólico. Amarela meu sorriso, desfaz meus músculos faciais e aperta meu peito. Dor. Falo pouco. Penso em hiatos. Enche meu olhar de lágrima e veste meus lábios de cinza. Se te chamo em vãos grandes, profundos, negros, solitárias cavernas, horizontes infinitos e linhas imaginários só surgem ecos. Dor. Dói a solidão, a mão vazia, fria, lisa, enrugada em pose de espera. Meus anéis caem feito areia entre os dedos, escorregam, desvanecem, somem, evaporam para o nunca mais. Dói a espera, a certeza do infinito, do não-mais, de conhecer seus passos e saber que não voltarás atrás. O doce lembrar cai agudo e machuca meu ser. Não sei o que é mais forte ou difícil: esquecer ou lembrar, pensar, fingir-se forte, omitir de mim mesmo o óbvio e propor-me um começo ainda com saldos negativos. (...)

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