sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Chuvas

Eu: Abis?

Abis: Sim?

Eu: Está aí?

Abis: Sim... pode falar!

Eu: tem visto as notícias, Abis? Eram, no início, pouco mais de quarenta mortos. A cada noticiário as vítimas das enchentes só aumentavam. Não me conformo das moradias irregulares, em encostas e a chuva caindo. As pessoas sentirem como se fios de morte caissem sobre seus ombros.

Abis: Foi uma tragédia... com aviso prévio.

Eu: Famílias inteiras dizimadas. A morte, Abis, veio em gotas. Transformaram-se em enchente: o rio de Hades.

Abis: E essas pessoas acreditariam em deuses?

Eu: Não sei. Precisariam se apegar em algo. Mas, na real, fico pensando em nós aqui: longe de qualquer tipo de ajuda concreta, de poder ouví-los, ajudá-los com um leite, um cobertor ou qualquer palavra de conforto.

O choro pueril, a falta de forças do idoso para se proteger, o grito sufocado, o salvamento. Não deito sem fazer uma prece para esse povo. Tantos órfãos jovens e velhos, perdidos entre os escrombos... sem os votos de um 2011 promissor, apenas cheio de valas, lama e morte. Abis, preciso ir. Um abraço.

Abis: Um abrço.

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