Em Carolina, de lábios tão finos que sua boca mais parecia
um fio mal traçado na face, corria sempre um veneno, água amarelada por entre
seus lábios, invisível aos olhos dos despercebidos. Seus olhos eram puxados e
finos. Parecia uma oriental ou indígena não fosse por seus cabelos castanhos e
ondulados ou parecia uma cobra de língua rápida e esperta. Mas eis que Carolina
um dia se apaixonou por tão doce pessoa. E o mel, que escorria da boca de
Gilberto, encontrou a água amarelada de Carolina. E tão grande foi a paixão e o
beijo e o desejo de estarem juntos que
misturou-se água envenenada e mel de coração puro. Como mágica de amor
vinda de varinha de condão, os lábios de Carolina ganharam vida. E a água antes
amarelada era agora mel de paixão puro, entranhando por entre veias e carne. Chegando
aos poucos no coração para se tornar mel puro de paixão.
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