domingo, 20 de dezembro de 2009

Vovô



Vovô

Ao Geisiel – pelo seu contato com a terceira idade

Arrastam-se sandálias na rua,
Devagar ao prazer do tempo morno.
E a manhã deixando seus resquícios,
Para em qualquer sombra dos ipês da praça,
Meu velho avô observar o tempo correr miúdo.

O olhar idoso observa o céu e o tempo.
Sentados confortáveis de frente suas casas,
Em troncos de árvores pela metade
Com suas lembranças e miragens.
O corpo não corresponde a alma,
Ao verde já opaco de cada palavra.

E se no meu tempo...
E se um dia pudesse regressar...
O que será o íntimo entre as rugas?
Alegria de viver
Ou a tristeza de findar?

Impossível penetrar-lhe na alma,
Sentir seus ventos de angústia,
Ou o cheiro de estar no fim,
De ser o último.

Mas, há a luz da energia,
Daquele que dança nas terças,
Nada em água morna na sexta.
E se apronta com chapéu,
Sapato lustrado e camisa boa
Para o passeio no sábado.

Porque o fim nem sempre é fim.
Pode, então, ser o início.
E o meu bom velho avô?
Tanto gosto me faria,
Se aposentasse o banco dos ipês
E florescesse em seu coração
Um novo sentido de viver.

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